Adelina Gemma Clivatti Mazzotti, 87 anos de muita história e, claro, muito bordado. Afinal, são mais de 70 anos fazendo Frivolité. Nós da Revista Nova Folha fomos até a casa de dona Adelina para saber um pouco da relação dela com esses "nozinhos".
Mas o que é Frivolité?
O frivolité é uma técnica artesanal de confecção de renda a partir de uma sequência de nós e laços, executados com um navete ou agulha. A arte pode ser usada para fazer renda, colares, acessórios de uso pessoal e outras peças com finalidade decorativa. - fonte: ELO7
E é de ponto a ponto que a magia acontece.
Nostalgia a cada movimento, precisão a cada centímetro. É assim que emoção explode. Adelina Mazzotti, 87 anos vividos com boas histórias e um coração cheio de amor. Acompanhe agora como foi nossa visita e depois veja o vídeo que gravamos com ela.
RECEPÇÃO: Dia cinza, porém feliz. Típico dia chuvoso. Difícil acesso até a casa... chão "batido", chão raiz! Adrenalina a cada deslize na lama. Acredite: isso só aumentava minha curiosidade. Ao chegar avistamos um grande gramado verdinho: Mais poesia em forma de dia!
Uma casa encantadora com tudo que avó tem: Aconchego em cada objeto, uma mesa grande na varanda - e com frutas à disposição - e um cheirinho bom de carinho no ar. Eis que avistamos dona Adelina. Veio ao nosso encontro bem devagar com seu andador - “agora companheiro fiel” – palavras de dona Adelina. Cabelos acinzentados, cuidadosamente penteados e lisos como seda. Um olhar fixante acompanhado de um tímido sorriso - porém muito sincero. Ela me olhou com olhos detalhistas e soltou: “Não sei como vai funcionar isso porque eu só sei fazer o que sei”. Ah, mas se a senhora soubesse que é tudo que precisamos!
Ela já foi se ajeitando no sofá da sala ao lado, trazendo consigo uma caixa - que mais parecia um cofre guardando um tesouro - e nos disse: Foi aqui que começou. Vou explicar como aprendi a arte do frivolité.
Meus olhos brilharam! Artes com meio século de sintonia. Mais de 50 anos e estavam intactas, belas e guardadas como se fossem a própria história palpável. Era como se o tempo voltasse a cada toque nas linhas.
O INÍCIO: "Aprendi olhando a minha vizinha fazer. Eu tinha uns 11 anos na época. Ninguém de casa teve muita paciência para continuar tentando (risos), mas eu tive." - conta Adelina. Ela também nos contou que atualmente faz poucas peças porque sofre com dores na coluna, mas que nunca deixou de bordar. "Nem sinto as dores quando estou fazendo e também não sinto o tempo passar". Acompanhe no vídeo os detalhes dessa arte tão delicada:
O GRANDE AMOR
64 anos de união! Consegue imaginar? Um amor tão duradouro, companheiro? Resistindo ao tempo e provações? Foi assim o amor de dona Adelina e sr Achylles Mazzotti (92 anos) - In Memoriam
"O amor da minha vida. Agora fiquei só, mas tenho me ocupado com as rendas, né? A vida continua".
Juntos construíram uma família linda: 6 filhos, 14 netos e 5 bisnetos (ah, mas vem mais dois a caminho). Uma família feito Frivolité: Rendinhas delicadas, porém fortes.
Para finalizar a nossa conversa pedimos a dona Adelina para que deixasse uma mensagem final para os jovens e ela emocionou a todos dizendo:
"Que os jovens tenham paciência. A vida é como o Frivolité: Um ponto de cada vez, sem segunda chance. Muitos jovens não escutam os avós, não gostam de conversar com os mais vellhos... e nós gostamos de contar histórias, sabe? É raro isso aqui, a gente falar e ser ouvido." Imaginem tamanha a minha emoção? Mas ela não parou por aí e pediu que eu pegasse um papel na estante da sala. E dizia:
Gratidão, dona Adelina! Por acreditar na arte. Por acreditar no amor. Por acreditar na vida.